digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

sexta-feira, fevereiro 17, 2017

Solidão com gato

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Há muita solidão quando apenas um gato para ser ou dois ou três, como o vidro-martelado, das janelas das traseiras, sob a chuva numa casa sem voz.
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Não importa se há vista ou saguão, nem mesmo a disposição de abrir as portadas. A solidão é e não as gotas e o tudo-o-mais.
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Há dias de luz perene, como a árvore, não fenece até ao findamento, sabe-se da sua morte, quase o momento, sente-se e é noite ou tronco oco.
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O relógio-de-pêndulo repete como o dizer dos velhos e tal é cruamente, o compasso é deixado a levitar.
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Ah, o gato. Sob coberta quente, os olhos são a nostalgia e o gato quieto caça os fantasmas.
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Nota: Este desenho tem por título «Solidão com um gato». Não sendo, assim, uma frase só minha, surgiu-me esta imagem quando pesquisei o complemento para a minha ideia.

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