digo e o oposto, constantemente volúvel, às vezes verdade. juro pela minha alma, mais do que vinho amo a água e só me desenseda e lava, a cara, o corpo e a vergonha de ser quem não quero. os sonhos antigos são sonhos e antigos e os novos de esperar, é esta a vida a mim agarrada, se esperança existe.

quarta-feira, maio 24, 2017

Quedas

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Lembro-me de cair e da cor da fotografia do movimento. Via passar velozmente os pisos, descendo sem parar pelo saguão e nunca batendo no betão. Mais tarde aprendi a amortecer nas cordas dos varais. Depois de adulto, obrigado e sem regresso, tenho esbarrado, seja caindo ou apenas perdendo, e latejando caminho ajoelhado e avançado como que na envergonhada nudez da fragilidade. Sempre numa noite, escura e negra e de vultos e de destroços. Sem poder reescrever, tombo por inconseguir outra vontade.

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